‎"There are bridges on life's highway but we never see them there. Some cross troubled waters, some don't go nowhere"

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Crónica dos 5 minutos

Olho para trás e vejo tanta coisa. Vejo-te a ti em outros tempos e ao ver-te a ti vejo-me a mim também. Os dias, os anos foram passando, foram correndo, e pouco foi o que ficou de tudo o que um dia foi. Ou pelo menos pouco ficou exactamente igual. Porque não és só tu nem eu que mudamos. O Mundo muda connosco, as pessoas mudam à nossa volta e isso é coisa que por mais que se queira, por mais força que se faça, não depende rigorosamente nada de nós e não há como o evitar.
A vida foi passando por nós, e nós, ficámos a ver e a deixá-la correr. E foi enquanto a vida corria que tanto se passou, que tanto voou ou tomou um rumo diferente. E é estranho. E é isso que ainda hoje me faz doer o peito ou me prende a respiração.
As circunstâncias que os diversos caminhos nos trazem podem ser traiçoeiras e inevitavelmente acabamos sempre por seguir o caminho mais fácil ou aquele que está mais à mão e não nos dá tanto trabalho. É legítimo. Mas para quem fica e escolhe o caminho mais complicado, dói sempre mais. E dói não porque haja arrependimento da escolha tomada. Dói porque além das consequências do trilho mais difícil, acaba-se sempre por arcar também com as consequências de quem escolheu o mais fácil. É uma ambiguidade estranha, mas real.
Eu não me importo de ter escolhido o caminho mais difícil, o caminho de quem fica, sabes porquê? Porque apesar de ser muito mais custoso, de ferir muito mais, eu posso ver o que é verdadeiro. Posso sentir realmente o que é dar valor a algo que verdadeiramente importa. Nem que por momentos esteja sozinha, não faz mal. Porque independentemente de tudo, prefiro carregar com tudo isso, abraçar toda essa realidade, do que viver numa constante euforia, numa constante fantasia de um Mundo que não é o meu e que espremido até ao fim não resta nada, ou resta pouco.
Viver na real nem sempre fez parte de mim e tantas vezes também já me perdi nesse teu/vosso Mundo de fantasia, de fachada. Mas quando realmente tudo ficou claro, vi-me obrigada a voltar a mim mesma, à minha realidade. E é isso que mais lamento. Que quem eu esperava não tenha voltado à realidade comigo.
A vida não pode nem ser sempre cor de rosa, nem sempre em tons de cinzento. Há um ponto de equilíbrio que nos separa da euforia temporária e da tristeza mórbida. A isso eu chamo o "ponto de encontro", porque é realmente aí que eu me encontro, que eu me acho, que falo comigo mesma e que observo tudo o que se passa à minha volta. Vejo muito mais o mau que o bom, muito mais o estado eufórico que o de ponderação e sobriedade.
Mas sei que de uma maneira ou de outra toda a gente um dia acorda para si próprio. Mesmo que leve tempo, mesmo que para isso não se acorde pelos melhores motivos.
Só é pena que ás vezes se leve tanto tempo para abrir os olhos para o Mundo. Mas mesmo tarde, será sinal que de uma forma ou outra, a vida tal como ela é, com todas as suas circunstâncias acabou por passar por nós.

A euforia é efémera. A vida real é outra coisa.

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